sábado, 25 de agosto de 2018

   

    Marias 

    Ás cinco da manhã ela já esta de pé, dá uma ajeitadinha na casa enquanto faz o café, se arruma e arruma o Pedro, que o pai moralista não assumiu, mas ela não desistiu, moça de muita fé, de cabelo solto, queixo pra cima, com garra, com marra, ela vai driblando as dificuldades diárias, e outras coisas mais...  Fazendo faculdade, e umas faxinas no centro da cidade, ela vai se mantendo e mantendo seu filho, dando educação para que lá na frente ele não seja um canastrão, igual ao seu pai, que na hora H os deixou na mão, mas Maria não desiste não, negra de fibra, que aguenta o pancão. 
   Ahhhh e tem a Ana que apanhava todo dia Alberto, oprimida, coagida, para manter a imagem da família, sofria sozinha, até que acordou para a vida, precisou da ajuda da policia pra tirar as coisas de casa, pois o Alberto arriscava sua vida, controlador de quinta categoria, não poderia ficar casado com uma mulher de fibra. A Ana saiu de casa e mudou sua vida, estudou, se formou e hoje está na luta, defende as mulheres lá no tribunal da justiça.
  E tem a Luíza dona da ONG de crianças carentes, mas o que poucos sabem é que ela foi uma  criança carente, a Lu não se limitou ao sistema opressor, apesar da dor, ela lutou, foi as ruas, gritou,  fez barulho, incomodou, não tinha uma zona de conforto, mais venceu, da mente dela não sai as lembranças da fome, e das noites de frio que enfrentou. A ONG Criança Sorridente, alimenta cerca de 1000 mil crianças do morro por dia, no morro ela é conhecida, como a mãezinha de todos, a guerreira da vida, dando uma rasteira na fome daquelas crianças esquecidas. 
   Tem também a Joana da padaria, a Zélia da farmácia, a presidente Dilma, a Firmina da escola, a Benta diretora, a Matilde organizadora da vila, a Elza do disco,  as Marias do dia-a-dia,  que não se calam, que não se limitam, que correm atrás daquilo que elas acreditam, acompanhadas ou sozinhas, e com a ajuda da Virgem Maria elas vencem na vida. 
Autor:  João Marcos 

           

     Relato 

Eu não tenho mais notícias suas, não sei mais onde você corta o cabelo, não sei mas por onde você passa todos os dias, e hoje tudo está tão normal e tão esquisito ao mesmo tempo... É natural? Talvez seja...
    Acho que nunca te conheci, nunca tive certeza de verdade do que você era e foi capaz de fazer comigo, de todos os sonhos e projetos deixados pra trás, de todas as palavras lindas jogadas da boca pra fora. Você certamente não tem noção de como fui feliz contigo, de como você me fazia bem, pra ser bem sincera você era meu porto seguro, só que eu boba não percebi que as estruturas estavam se abalando, e não, não era minha culpa, eu sei que fiz de tudo por você, eu sei do que  lutei por você, eu sei que passei por cima do conceitos e princípios que eram importantes pra mim, eu sei fui tola, mas por que você me fazia acreditar que por você valia a pena... Que por você eu teria uma bela chegada ao fim do túnel.
    As estruturas do meu porto seguro estavam abaladas, e não percebi quando ela veio abaixo, era de um choque de realidade que eu precisava, de repente me vi presa nos escombros daquela estrutura, olhava pros cacos de espelhos jogados pela sala e tudo que eu enxergava era o sangue dos meus sentimentos espalhados pelo impacto de tudo que sua estrutura causou na minha vida, sim o amor é sentimento devastador, por todos os ângulos e partes que você olhar e analisar, lamento, você certamente, só perceberá isso na prática...
   Não, eu não vim aqui pra te dizer que você não deve e não pode se apaixonar, que o amor é um sentimento ruim e que você não tem que procurá-lo, pelo contrário, vá adquirindo experiência, vá analisando as coisas com calma, não se joga tanto, não confia tanto, o amor verdadeiro, o real, não vai estar sempre fazendo serenatas em cima de altos prédios e com cantores clichês, por que você, certamente, no fundo, vai saber que é, que apesar de todos os caminhos errados, e todos os erros cometidos durante sua jornada, finalmente seus pés tocarão no porto seguro certo, e como você vai saber? Bom, isso eu não sei, mas posso te garantir, mesmo sem explicação, você sempre sabe... Só Sinta...
Autor: João Marcos