Marias
Ás cinco da manhã ela já esta de pé, dá uma ajeitadinha na casa enquanto faz o café, se arruma e arruma o Pedro, que o pai moralista não assumiu, mas ela não desistiu, moça de muita fé, de cabelo solto, queixo pra cima, com garra, com marra, ela vai driblando as dificuldades diárias, e outras coisas mais... Fazendo faculdade, e umas faxinas no centro da cidade, ela vai se mantendo e mantendo seu filho, dando educação para que lá na frente ele não seja um canastrão, igual ao seu pai, que na hora H os deixou na mão, mas Maria não desiste não, negra de fibra, que aguenta o pancão.
Ahhhh e tem a Ana que apanhava todo dia Alberto, oprimida, coagida, para manter a imagem da família, sofria sozinha, até que acordou para a vida, precisou da ajuda da policia pra tirar as coisas de casa, pois o Alberto arriscava sua vida, controlador de quinta categoria, não poderia ficar casado com uma mulher de fibra. A Ana saiu de casa e mudou sua vida, estudou, se formou e hoje está na luta, defende as mulheres lá no tribunal da justiça.
E tem a Luíza dona da ONG de crianças carentes, mas o que poucos sabem é que ela foi uma criança carente, a Lu não se limitou ao sistema opressor, apesar da dor, ela lutou, foi as ruas, gritou, fez barulho, incomodou, não tinha uma zona de conforto, mais venceu, da mente dela não sai as lembranças da fome, e das noites de frio que enfrentou. A ONG Criança Sorridente, alimenta cerca de 1000 mil crianças do morro por dia, no morro ela é conhecida, como a mãezinha de todos, a guerreira da vida, dando uma rasteira na fome daquelas crianças esquecidas.
Tem também a Joana da padaria, a Zélia da farmácia, a presidente Dilma, a Firmina da escola, a Benta diretora, a Matilde organizadora da vila, a Elza do disco, as Marias do dia-a-dia, que não se calam, que não se limitam, que correm atrás daquilo que elas acreditam, acompanhadas ou sozinhas, e com a ajuda da Virgem Maria elas vencem na vida.
Autor: João Marcos